A Tecnisa projeta que vai ser uma incorporadora com operações anuais de R$ 500 milhões, mas não informa o
prazo para alcançar o novo patamar. O presidente da companhia, Meyer Nigri, avalia que, em 2017, será possível
lançar mais do que neste ano, embora não haja meta formal. "Talvez o ano não seja tão bom, mas pior do que 2016
não vai ser", afirmou.
Sem distratos, os resultados da companhia teriam sido "espetaculares" neste ano, segundo o presidente da Tecnisa.
"Este foi o ano mais difícil da minha vida. Infelizmente, devido aos distratos, passamos por problemas muito
grandes. Estamos preparados para voltar a ser aquela Tecnisa de antigamente", afirmou Nigri, em evento para
analistas e investidores.
De janeiro a setembro, a Tecnisa lançou R$ 80,5 milhões, teve vendas líquidas de R$ 109 milhões e distratos de R$
455,5 milhões.
Segundo o empresário, o fluxo de caixa da companhia está resolvido para os próximos anos. A Tecnisa começará
2017 com menos incertezas e mais confiança do que em 2016, disse. A dívida foi reduzida, as obras em atraso
entregues, e há expectativa de diminuição dos distratos no segundo semestre. Até junho, a empresa espera manter
o nível de rescisões trimestrais de R$ 150 milhões a R$ 160 milhões.
Segundo Nigri, em 40 anos de atuação no mercado, foi possível prever todas as crises do setor, mas não o patamar
que os distratos atingiram nos últimos anos.
Nigri ressaltou que o setor está "trabalhando muito" para que haja mais repasses dos recebíveis dos clientes na
planta, ou seja, antecipação do financiamento bancário aos clientes. Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal já
oferecem a modalidade e, informou, Bradesco também demonstrou interesse.
Em 2017, os lançamentos previstos serão concentrados em produtos para a média alta renda e enquadrados na
linha pró-cotista do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). A Tecnisa tem buscado terrenos na capital e
na Região Metropolitana de São Paulo.
O foco continua a ser a geração de caixa. Em 12 meses, a companhia reduziu sua alavancagem operacional em R$
1,6 bilhão. A Tecnisa dará continuidade à desalavancagem, segundo o diretor financeiro e de relações com
investidores, Vasco Barcellos. A empresa está concluindo captação de certificado de recebível imobiliário (CRI) de
R$ 50 milhões.
Como estratégia para reforçar sua posição financeira, neste ano a incorporadora fez um aumento de capital de R$
200 milhões. Nigri conseguiu que a concorrente Cyrela, maior do setor, participasse da operação. A Cyrela fez
aporte de R$ 75 milhões e ficou com 13,62% do capital da empresa.
Nos próximos dois anos, a Tecnisa vai acelerar a monetização de ativos, segundo Barcellos. Incluindo venda de
participação no projeto Jardim das Perdizes, comercialização de terrenos e cessão de recebíveis, a monetização já
realizada soma R$ 625 milhões. A venda de estoque pronto também contribui para a redução do endividamento.
A Tecnisa terá redução "violentíssima" das despesas gerais e administrativas nos próximos dois anos, diz o
presidente. Ao fim desse período, vai "lançar bastante, mas as despesas continuarão caindo", alerta. A empresa
estima queda dessas despesas dos R$ 115 milhões deste ano para R$ 75 milhões em 2017. Até abril, concentrará
suas atividades em apenas um deles. Já chegou a ocupar quatro andares do edifício de padrão triple A na zona Sul
de São Paulo - Ainda há cortes de pessoal previstos.
O presidente da Tecnisa disse estar menos otimista em relação a 2017 do que estava na última teleconferência com
o mercado. Nigri afirmou que esperava redução mais rápida da taxa de juros, mas que a direção está correta. |